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Curiosidades sobre o Chimarrão no Parque Gaúcho

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http://www.youtube.com/watch?v=U-m702KZ-40

E alguém já deve ter se perguntado: as Calcinhas na Estrada foram para o Rio Grande do Sul, enviaram vários posts saborosos para a coluna e até agora não falaram nada de chimarrão? Então, chegou a hora de descobrir curiosidades sobre o chimarrão. Senta que lá vem história! Mais uma vez bem contada pela Luiza Estima e bem retratada pela Luna Garcia.

“Próxima parada: Gramado, Canela e São Francisco de Paula – os dois primeiros, conhecidos points dos roteiros turísticos e o último, um convite afetuoso da amiga calcinha Rejane Martins, agitadora cultural e enogastronomica em Porto Alegre, que, na Pousada do Engenho, em São Chico, para onde vamos, criou o evento Mesa de Cinema, uma celebração à boa mesa e à sétima arte muito bem harmonizada. Dá para saber mais no mesadecinema.blogspot.com/

 Em pouco mais de uma hora de Caxias estamos em Gramado, onde experimentamos a estranha sensação de cidade, com muito trânsito e muita gente. A última semana dos festejos do Natal Luz, evento que enfeita Gramado e envolve a população no clima natalino de novembro a janeiro, carrega hordas de turistas em todos os lugares. É tudo muito civilizado e bem conduzido, dos passeios aos shows da programação e as irresistíveis compras. Mas sentimos falta de paisagem e fomos visitar o Lago Negro, ponto turístico dedicado aos passeios de pedalinho em forma de cisne, mas que mantém sua paz e charme apesar da invasão.

Ao lado, em Canela, a apenas 3 minutos e 7 km de distância, a cidade de Canela também decora suas ruas e oferece seus atributos. A novidade é o restaurante Almada Cozinha Criativa, da chef Carol Heckman, que não tivemos a sorte de conhecer – segunda-feira é o dia internacional dos restaurantes fechados, mesmo em temporadas e cidades turísticas. Que pena, até a próxima Carol!

Em Gramado fomos ao encontro de uma experiência que iremos provar mais pra frente, in loco e ao vivo: a vida campeira e típica do gaúcho. No quilômetro 35 da RS-115, antes do pórtico da cidade, o primeiro parque temático do gaúcho é um empreendimento peculiar que rende homenagem à história e tradições do povo que formou o Estado com muita luta, coragem e determinação. Essa história está marcada em sua culinária. No Parque Gaúcho, fomos conhecer e experimentar essa cozinha guiadas pela Fernanda Valente (até no nome) e a turma da Claudia, Simone e os elegantes gaudérios, tendo à frente o Rodrigo, de faca e espetos que nos encantaram.

A Fernanda sabe tudo da história do Rio Grande do Sul. Junto com o marido, Rodrigo Schlee, os dois pesquisadores montaram o acervo memorial do Parque. O conhecimento os faz requisitados em muitas produções onde a história do Rio Grande do Sul é contada. Assim é que trabalharam como consultores durante toda a produção da TV Globo, a Casa das Sete Mulheres, rodada em Pelotas, nosso próximo destino. No Parque, são eles que nos levam a percorrer mais de trezentos anos de história do gaúcho, iniciando pelo cultivo da erva-mate (ela de novo) e da elaboração do chimarrão, prática dos índios guaranis absorvida pelos jesuítas e os espanhóis e que depois se transformou na bebida em símbolo do Estado.

O chimarrão está em todo o parque, passeando nas mãos dos guias e funcionários e à disposição ao lado de cumbucas com erva (produzida lá mesmo) e térmicas com água quente. Tem que saber preparar: colocar a erva na cuia, virar o morrinho de erva para encaixar a bomba (aquela “colher”…) depois de inchar com um pouco de água fria. “Nossa erva é de uma qualidade que nem precisa fazer morrinho e inchar”, explica Fernanda ao ver a Calcinha preparando o seu chimarrão utilizando a técnica de suas origens… Então tá, né! Vamos direto ao ponto! O chimarrão sai quentinho, saboroso. Ufa! Luna, a Calcinha “estrangeira”, gosta da bebida, mas não se adapta à ideia de compartilhar a bomba com o povo ao redor. “Tudo bem, sobra mais”, pensa a prenda do lado, estendendo a mão direita para pegar o seu.

Cheio de significados, o cerimonial do chimarrão deve ser respeitado e aprender suas sutilezas é bonito e interessante. Passar a cuia para o próximo companheiro na roda de chimarrão deve ser feito sempre com a mão direita, por exemplo.

* Mate servido com a mão esquerda: você não é bem vindo
* Mate com açúcar: quero a tua amizade
* Mate com açúcar queimado: és simpático
* Mate com canela: só penso em ti
* Mate com mel: quero casar contigo
* Mate frio: desprezo-te
* Mate lavado: vai tomar mate em outra casa
* Mate muito amargo (redomão): chegaste tarde, já tenho outro amor
* Mate com sal: não apareças mais aqui
* Mate doce: simpatia

O mate com açúcar nos desperta a curiosidade e a Fernanda se prepara para nos ensinar uma receita e ritual: o Mate Cocido (em espanhol), uma receita bacana e cheia de bossa na apresentação.

Na cuia (aquela “cumbuca” feita de porongo), colocar 3 colheres de sopa de açúcar mascavo. Pegar um tição (carvão em brasa) no fogo e jogar dentro da cuia. O tição vai queimar o açúcar e para isso é preciso ficar girando a cuia para que queime em todo o açúcar. Sai uma fumacinha cheirosa. Acrescentar erva mate tostada (deixa tostar numa frigideira, sem queimar) e depois leite quente. Só encaixar a bomba e beber.É muito saboroso, vigoroso e esquenta até a alma! Pode também servir gelado, coando a bebida e levando à geladeira.

Cimarón quer dizer “aquilo que voltou a ser selvagem” – era a definição dos espanhóis para os índios, que cultivavam a erva e o costume da bebida. As calcinhas cimarón agora queriam mais, com fome e curiosidade, e passamos para o restaurante para provar os pratos da tradição gaúcha com muito apetite. Para começar, uma linguicinha sem gordura, preparada lá mesmo – deliciosa. Em seguida vieram os pães, feitos na pedra, em formato de pita – o pão árabe que deve também ter influenciado o gaúcho. Com o pão quentinho veio também a manteiga feita na hora, a partir da nata – firme e muito saborosa! Suco de uva para acompanhar, sempre.

No fogão à lenha, as panelas de ferro oferecem tanta variedade saborosa que montamos uma degustação campeira, conduzida pela Fernanda e auxiliada pela Claudia, paulista instalada na cozinha do rincão. Carreteiro com muganga ou mugango, a moranga caramelada que entra no começo , no meio ou no fim da refeição – está em todas e é sempre bem-vinda. Arroz de china, um parente pobre do carreteiro, feito com lingüiça ou salsichão, também presente e combina com o feijão preto que está na próxima panela.

O puchero (se diz putiero) é um cozido de origem espanhola que no Rio Grande (e agora já assumimos o jeitão gaúcho de se referir à região e ao Estado) ganhou complementos: a abóbora ou moranga, cenoura, batata doce, batata, cebola e pedaços de vazio (a fraldinha, como é conhecido o corte fora do RS). Quente, caudoso, o prato parece que vai encerrar a refeição, mas em nossa ingenuidade e satisfação esquecemos das sobremesas! O gaúcho é chegado em um doce e sua confeitaria é marcada pelo açúcar. Por isso vamos a Pelotas, em seguida, conhecer alguns segredos e provar o desfile interminável de doces com ovos, nozes, chocolate… mas isso é depois. Aqui no Parque Gaúcho os doces vêm representados em uma quadra de sorvetes típicos; doce de leite, erva mate (e não é que ainda não terminou tudo o que pode ser feito com erva mate?), butiá (um coquinho amarelinho que nasce em palmeiras) e milho.”

Parque Gaúcho

RS 115 km 35 – Várzea Grande

95670-000 Gramado

Telefone (54) 3421 0800 ou (54) 9154 8861
E-mail eventos@gramadozoo.com.br

Website http://www.parquegaucho.com.br


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